Autor:
Edson Amorim
Estou solitário, estou só
Na garganta insiste um nó
Vejo as pessoas rindo, circulando
Mas trazem nos olhares um mórbido frio enfadonho
Que surge de impossíveis sonhos
E eu acordado e confuso, esse sonho alimentando
Desaquecido o coração, sinto frio
Saudoso, na alma bate um arrepio
No pôr do sol vejo tão pouca luz
Minha paz interior feneceu ante a tristeza
Nem nas flores do jardim vejo beleza
Só tua doce imagem minha mente seduz
As raras partículas de felicidade
Foram levadas pelo vento sem piedade
E as pequenas gotas de alegria
Sequer chegam a formar volume
E em abandono o meu peito se consome
Vou remoendo a desilusão com nostalgia
Sinto o ar rarefeito, até ele diminuiu em densidade
Vou respirando sufocado, entre dor e saudade
Até a poesia conspirou contra mim
As metáforas me são incompreensíveis
E trazem insignificâncias sensíveis
Desenhando em minh’alma um vago deserto sem fim
Vivas lembranças me levam ao recente passado
Quando por você, a razão desse sonho, era amado
Então uma mágoa inoportuna vem e domina
Penso no tempo que éramos nós
E hoje solitários, eu e você, somos sós
E os bons sonhos nem suspeitavam que esta seria a sina
E mais uma noite
chega e vagueio em pensamentos
Vejo-me
acordado, sem sono, revivendo momentos
Verdades que o inimigo
tempo se nega apagar
Sinto que os
ventos a muito sopram em desfavor
Deixando por
dentro somente um ilusório amor
Em forma de tenda
armada, para o passado sombrear !